Doors Open Winnipeg - Vaughan Street Jail

Oi, gente!

Esse final de semana esta' rolando um evento muito legal que so' acontece 2 dias por ano no Canada (acho que no mundo também, tenho certeza que li em algum lugar que isso começou na Inglaterra) que e' o Doors Open Winnipeg .

Na sexta, eu passei uns momentos no site e no google maps criando uma rota, mas acabei descobrindo que praticamente todos os locais eu consigo visitar qualquer dia do ano, menos um, simplesmente o mais interessante de todos: a Vaughan Street Jail (a cadeia de rua Vaughan).

Fomos ontem (sábado) de tarde, de bicicleta, faco questão de falar isso porque vale muito a pena pedalar por aqui.

Achei que seria rápido, entrar no prédio, dar uma fotografada, que teria um guia explicando as coisas e pronto. Mas eu lembrei que eu estou no Canada e aqui as experiências contam muito.

Logo de cara tinha uma fila, pelo menos tinha sol na fila porque se foi uma coisa que aprendi nessa cidade e' que o tempo e' instável e o sol te ajuda a superar o frio. Então aquele negocio que no Brasil se fala "vai na sombra", aqui faz muito mais sentido dizer " vai no sol". :D

Mesmo com essa fila gigante nem deu pra reparar muito no tempo porque tinha atores contando historias.
Tem um caixão de madeira e tinha 2 mulheres falando que esse caixão era da sobrinha delas que tinha morrido dentro da prisão porque ela tinha dado a luz la.





















Mais pra frente tinha um cara com mãos e pés acorrentados contando como ele foi o primeiro serial killer das Américas. A historia dele era assim ele se hospedava nas casas de pessoas casadas que estavam alugando um quarto, ele ia no fim da tarde porque o marido estaria trabalhando e as mulheres estariam em casa, então ele as matava e depois as estuprava, escondia o corpo na própria casa e ia embora. Ele cruzou os EUA fazendo isso ate chegar em Minesota, e la ele foi identificado e o rosto dele estava em todos os jornais. Como Winnipeg ficava muito perto, ele entrou no Canada e se hospedou num hotel na frente desta cadeia, do mesmo jeito. Um quarto sendo alugado e uma mulher casada sozinha em casa. Dessa vez ele não conseguiu fugir e foi preso ali, deve ter sido executado, eu não ouvi a ultima parte, tivemos que andar na fila.


Mais pra frente estava Helen Armstrong que lutou pelos direitos das mulheres no Canada. Que foi presa varias vezes junto com homens e crianças (não havia separação de celas) por palanquear pelo direito das mulheres receberem o mesmo que os homens, de votar etc. 


Entramos enfim. Na primeira sala, uma viúva nos contava que seu marido foi forçado a assinar uma confissão de um crime que ela tem certeza que ele não cometeu, depois de ter sido torturado e ficado sem comer ou dormir por 3 dias. Não teve nenhuma investigaçao sobre o caso, o marido dela foi apontado como autor e forçado a acreditar nisso. Ele foi enforcado em praça publica. 


Na outra sala, um cara de Manitoba nos contava que morou nos EUA, que era lutador de Luta Livre e que foi pra Austrália lutar la e voltou pros Estados Unidos sendo conhecido como...argh, esqueci o nome de guerra dele, mas era algo como Bloody Kanguru (se eu lembrar eu troco). Como ele gastava o dinheiro das lutas em bebida, ele acabou fazendo algo que dava muito mais dinheiro: assaltar bancos. E foi assaltando bancos de cidade em cidade ate ser preso. Quando foi solto, voltou pra Manitoba e não conseguia emprego. Então ele resolveu assaltar o Banco de Montreal em Winnipeg. Todo mundo foi almoçar ao mesmo tempo e só havia uma pessoa no banco: o gerente. 
Ele vestiu um casaco e colocou um pano xadrez na cara, chegou pra roubar algumas centenas de dólares e o gerente o viu saindo pela janela. Não só ele, como uma moca la embaixo, e mais um guarda e mais um monte de testemunhas. No fim ele foi preso e condenado a ser enforcado. Ele leva uma vida de morto legal, de boa, só que 2x por ano ele levanta da tumba e volta pra prisão pra contar a historia dele. 


Este senhor ficava contando com que idade crianças eram presas (5 anos) e quão fácil elas escapavam, elas eram presas com qualquer adulto. Foi o mais difícil de prestar atenção, ele fala baixo e a voz era rouca. Fica a foto pra registrar o momento. 




No andar de baixo, uma senhora dona de um bordel explicava como a Prefeitura a fez trocar de casa varias vezes porque sua "casa" não era digna para o bairro. Como prostituiçao era uma atividade ilegal, era preciso uma especie de licença para trabalhar. Então, tanto ela quanto suas meninas foram presas e a fiança era a licença. Ela pagava 60 dólares e cada uma das meninas pagava 20. Eu não entendi muito bem, mas aparentemente elas eram presas por uma noite, uma vez por mês. De acordo com ela, e' uma atividade bastante lucrativa, mesmo pagando taxas. 


No porão, ficavam as celas. De um lado as solitárias, entramos em uma e fechamos a porta, um breu assustador. Do outro, as celas confortáveis, abertas. Os presos usavam essa roupa listrada. Essa cela com uma mesa, era para a ultima refeição do condenado, o rato foi um toque especial.



As celas tinham as trancas como a de Alcatraz, uma alavanca fechava ou abria todas as portas. 


Por fim, havia as celas dos lunáticos. Colocavam ali qualquer pessoa com algum distúrbio: depressão, bi-polaridade, mulheres que desobedeciam os maridos, pessoas estressadas, etc. Eram 2 celas separadas por um corredor, se a pessoa se estressava muito, eles prendiam as pessoas no chão com 3 correntes e deixavam la sem banheiro, sem comida. 'A noite, os ratos chegavam e começavam a mordisca-los, os loucos gritavam mas ninguém iria vê-los porque, afinal, era a cela dos lunáticos. 

Alguns pensadores e artistas pagavam pra passar um tempo conversando com os loucos porque as vezes pescavam alguma ideia.




Aqui uma foto da parte de trás da cadeia. 



De la, fomos para o Legislative Building e demos a volta nele (não estava mais aberto) ate uma fonte.









Depois fomos ate a estatua do Louis Riel, que e' o fundador de Manitoba, ou o cara que ajudou o Canada a reconhecer Manitoba como uma província. 




Continuamos no caminho e encontramos um Bear Parade (lembram da Cow Parade?). Montes de ursos pintados cada um com um tema. 




Ah sim, e um totem indígena! Olha que fantástico!

Ontem foi um dia muito bom. O dia estava ótimo para bater fotos e turistar. Winnipeg só me surpreende. 

Espero que tenham gostado. 

Tex

2 comentários:

  1. se alguém quiser se apaixonar por Winnipeg, basta ler seu blog...

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    1. Nao tem como nao amar essa cidade, sou tiete! hahaha

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